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As culturas dos países árabes e as culturas de Oriente Médio representam uma riqueza para as nossas culturas ocidentais, ainda por descobrir. Liliane Vargas Garcia e Mamede Mustafa Jarouche nos levam pelos caminhos intermináveis da tradução através de Calila e Dimna e de As 1001 noites. Na introdução  à tradução de Calila e Dimna, Mamede Mustafa Jarouche escreve que o livro “transcende em muito o âmbito da cultura árabe-islâmica. Traduzido para quase uma trintena de idiomas (e não raro por mais de uma vez), é considerado uma das mais importantes fontes do fabulário universal. Para ficar no limite de apenas algumas línguas ocidentais, dele existem uma tradução grega (século X), três latinas (duas no século XII e uma no XIV), quatro espanholas (séculos XIII, XV, XVII e XVIII) e três italianas (século XVI) […] numa “cadeia de transmissão” por vezes extensa. Como exemplo, cite-se o caso da tradução inglesa de 1570: ela foi feita a partir de uma tradução italiana de 1552, que, por sua vez, tinha sido feita sobre a tradução hebraica do rabino Joel, em 1270, a qual, enfim, provinha da tradução árabe do século VIII.” (Calila e Dimna. Trad. Mamede Mustafa Jarouche, São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. xvii).

Na lista de traduções não é exaustiva, em toda evidência, mas gostaria mencionar mais uma tradução: Calila e Dimna. El libro del soberano y el político, versión directa del árabe y presentación de Antonio Chalita Sfair, Bogotá: Panamericana, 2002). Foi Liliane Vargas Garcia quem me indicou a existência dessa tradução na Colômbia. Vargas Garcia, precisamente realizou uma pesquisa cuidadosa e muito bem documentada sobre o percurso da obra Calila e Dimna, desde uma perspectiva historiográfica, salientando o papel da tradução na preservação e difusão dessa obra e da sua escrita fundacional, para o caso da língua castelhana. 

As Mil e Uma Noites foi traduzida para o português por Mamede Mustafa Jarouche entre 2005 e 2012, em 4 volumes, e o trabalho ainda continua. Temos tido noticia de uma tradução posterior feita em Portugal por Hugo Maia, publicada por E-primatur em 2017. Existem relações entre esse livro e Calila e Dimna, pelo menos no que concerne a pesquisa implicada para traduzir, a consecução dos manuscritos, o lugar geográfico da origem.

Liliane Vargas Garcia

http://lattes.cnpq.br/6917702472155266

Doutora em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).Bacharel em Letras (Português & Francês) (UFSC). Maestria em Crítica Literária (UFSC).

Tem titulo de Filologia Portuguesa/Espanhola pela Universidad de Salamanca. Graduada em Empresas e Atividades Turisticas, Escuela Vox de Turismo /UNED. Tem ensinado Teoria Literária e Literatura brasileira. Tem trabalhado na elaboração de catálogos turísticos português/espanhol para Islandia Tours. Trabalhou como tradutora comercial freelancer para Quorum Traducciones, Madri. Recentemente, traduziu para o português El fruto del baiobab de Maite Carranza, Editora Revan (prelo).

Bibliografía:

-Da História à Crítica através da tradução de Calila e Dimna, in Mutatis Mutandis, vol. 8, Nº 2, 20015, pp. 517-528.

-Políticas da tradução: história e crítica através do prototexto literário de calila e dimna (1251). Tese de doutorado 2019. Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil.

https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/204427/PGET0414-T.pdf?sequence=-1

-Translation politics through calila e dimna (1251) – the literary prototext.  Políticas da tradução através de calila e dimna (1251) – o prototexto literário. IX Seminário de Pesquisas em Andamento, UFSC, 2016,  p. 191-198.

Tradução Literária: desafios e reflexos do tradutor (2017).

http://www.semanadeletras.cce.ufsc.br/estudos-indisciplinares-de-lingua-literatura-e-traducao_livro-dos-simposios-tematicos/ Revisora Textual. Beba Poesia. Editora Mondrongo 2019

Mamede Mustafa Jarouche

http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4762476D1#ArtigosCompletos

Bacharel em Letras (Português & Árabe) pela Universidade de São Paulo (1988); doutor em Letras (1997) e Livre-Docente (2009) em Literatura Árabe pela mesma universidade. Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo, onde leciona desde 1992. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Literatura Árabe, atuando principalmente nos seguintes temas: orientalismo, narrativa árabe, cultura árabe, Oriente Médio e tradução do árabe.

Entre as suas traduções temos principalmente:

Kalila e Dimna  de Ibn Almuquaffac, Martin Fontes, São Paulo, 2005. Introdução, tradução e notas de Mamede Mustafa Jarouche.

Anônimo. Cento e uma noites. [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

Anônimo. Livro das mil e uma noites. (vol.1) [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Globo, 2005.

Anônimo. Livro das mil e uma noites. (vol.2) [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Globo, 2005.

Anônimo. Livro das mil e uma noites. (vol.3) [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Globo, 2007.  

Anônimo. Livro das mil e uma noites. (vol.4) [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Globo, 2012.

Anônimo. O Leão e o chacal Mergulhador. [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo: Globo, 2009.

Khalid al-Maaly. Eu sou da terra de Guilgamesh. [Por: Mamede Mustafa Jarouche]. São Paulo, Paulistana, 2016.  

Artigos:

Jarouche, M.M. O desafio do tempo na tradução das Mil e Uma Noites. REVISTA BRASILEIRA (RIO DE JANEIRO. 1941), v. 69, p. 73-88, 2011.

Jarouche, M.M. «A conquista de Alandalus segundo o relato de ‘Abdulmalik Ibn Habib». In: Topoi. Revista de História (UFRJ), v. 18, n. 35. Rio de Janeiro, 2017, p. 222-245.

Jarouche, M.M. «O saber num texto árabe do século XI». In: Língua e Literatura (Revista dos Departamentos de Letras da USP), n. 25. São Paulo, Humanitas, 1999, p. 275-286.

Jarouche, M.M. «Árabes, mouros e sírio-libaneses na literatura brasileira». In: Scherer, Ligia Maria, et al (org.). Brasil-Líbano, legado e futuro. Brasília, Fundação Alexandre de Gusmão, 2017, p. 163-173.

Possui vários prêmios de tradução:

Prêmio Paulo Rónai

Prêmio Jabuti em 2006 e em 2010

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